Guia do Mochileiro das Galáxias feat. divagações sobre o humor nacional. NÃO ENTRE EM PÂNICO!

Pode não parecer, mas essa imagem tem um enorme significado.

O Guia do Mochileiro das Galáxias
Douglas Adams
Editora Sextante 

   Depois de ler o prefácio feito por Bradley Trevor Greive (autor de Um Dia Daqueles) que está bem no começo de Guia do Mochileiro das Galáxias uma indagação dominou minha cabeça: Será que a  estória funciona para o público brasileiro? Esse pensamento veio por um motivo bem lógico. Alguns - como Brad - classificam a série como "uma das mais criativas e cômicas histórias de aventura jamais escritas". Esse "cômicas" foi o que me pegou. 
   O humor assume diferentes roupagens em relação ao lugar em que se vive. Poderia um autor inglês - povo culturalmente mais recatado - produzir uma obra cômica e seu sentido permanecer inalterado, sendo lido por um brasileiro? Fiquei divagando sobre isso e imaginando mil maneiras de a estória dar errado, antes mesmo de lê-la. Bom, o nosso humor é bem característico. Como uma típica cearense, cresci vendo e se divertindo com o humor regional, desde os mais inteligentes como Chico Anysio, até os mais ordinários sendo melhor não citar nomes, mas é certo que prefiro o stand-up comedy. Sim, eu sei que não é uma modalidade brasileira "até o sangue", mas comparando uma apresentação americana e  outra made in Brazil a diferença se mostra em dimensões consideráveis.
   O interessante é que a escrita de Douglas não é cômica em si, mas sim a metodologia por ele utilizada. Fazendo uso de recalls nos momentos certos e respostas curtas e rápidas — ambas ferramentas bastante vistas nas comédias stand up —, sua literatura acaba sendo sagaz com um adorável sabor brincalhão no final. Douglas é rápido e mostra todas as características citados logo nas primeiras páginas do livro.


     Mas vamos à estória...
  Aquela quinta-feira tinha tudo para ser completamente normal, até que o mundo de Arthur Dent vira de cabeça para baixo. Não basta ter um trator querendo demolir sua casa - seres de outro planeta querem demolir a Terra também. Mas ele estava com sorte: seu amigo Ford Prefect, um extra-terreste (isso Arthur não sabia até o fim do planeta), o salva e ambos pegam carona na nave que destruiria a Terra para sempre. Juntos ficam vagando pelo universo, sendo perseguidos em praticamente todos os planeta em que visitam e se salvando por probabilidades extremamente pequenas. Não espere encontrar alguma lógica neste livro, porque Adams gostava do impossível. Você não vai encontrar a resposta para a razão da vida, do universo e tudo mais (porque é 42), mas sim 2 mochileiros da galáxia sendo salvos por uma nave - roubada - 29 segundos após terem sido expulsos de outra, sendo que os seres vivos sobrevivem até 30 segundos.
  Para lidar com todas as reviravoltas de O Guia dos Mochileiros da Galáxia você terá que ter MUITA paciência. Como Brad fala no início, a estória é uma grande montanha-russa e pode até ficar confusa às vezes. O importante é nunca se esquecer do amigável aviso em letras garrafais na capa: NÃO ENTRE EM PÂNICO!
   Voltando aos meus questionamentos do início...
  O humor deu  certo? Em alguns momentos sim, em outros era só legalzinho. A estória funcionou? Completamente! Dica: Como algumas coisas acontecem rápido demais é melhor fechar um livro, dar um tempinho e só depois voltar a ler. São muitas informações juntas e quando junta tudo, dá um nó enorme na cabeça. Isso aconteceu comigo. 
    Os fãs celebram todo dia 25 de maio (2 semanas após a morte de Douglas Adams) o Towel Day, Dia da Toalha. Uma toalha é um item de extrema importância para todos os mochileiros da galáxia.








  O Guia do Mochileiro das Galáxias não é para todos os públicos, mas se você adora montanhas-russas literárias, seres de outro planeta e sempre carrega uma toalha e um peixe em mãos, esse é para você. E mais uma vez: NÃO ENTRE EM PÂNICO!





4 comentários:

  1. o humor inglês é caracterizado pelo nonsense (sem sentido), pelo absurdo e pelo surreal. Adams fazia os roteiros da série do Monty Python e tanto ele como o grupo fazem o mesmo tipo de humor singular que tem milhões da fãs no mundo inteiro, independente da cultura do país, pois é mais uma questão de inteligência e espírito gostar do trabalho deles do que de criação.

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    1. Adorei esse nonsense do Douglas que é ao mesmo tempo criativo e divertido. Deve ter sido um dos motivos de a estória funcionar. Todo mundo precisa de uma pausa da lógica. ;)

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  2. Que ótimo texto você escreveu, eu tenho muita curiosodade de ler O guia do Mochileiro das Galáxias pois todos falam muito bem dele, como ele mistura ficção científica com humor de uma maneira inteligente. Sem falar da sinopse que dá a impressão de que a série é uma grande aventura.
    Se um autor inglês pode fazer humor de uma maneira que um brasileiro também ache ache engraçado só lendo para descobrir, mas pessoalmente eu nãop acho o humor inglês muito bom.
    Abraços.

    http://viciadoemlivrosefilmes.blogspot.com/

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    1. Obrigada pelo elogio, RODRIGO (não posso mais confundir seu nome HAHA). Ah, Guia do Mochileiro das Galáxias é uma grande aventura mesmo. Vai melhorando a cada livro. Ah, não deixe de ler. É tão baratinho pra comprar :S É certo que não é qualquer pessoa que vá gostar, mas vale a pena dá uma chance.
      Bjs ;*

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