HERLAND – TERRA DAS MULHERES


 Bem essa postagem não é exatamente minha. Na verdade o texto é de Jerri Dias que apoiou nosso trabalho aqui no TBIOTS. Ele concordou em escrever algumas coisas para o  blog e nós agradecemos muito isso. Então, todos os créditos deste post são dedicados à ele. 


A Autora

Charlotte Perkins Gilman (1860 – 1935) foi mais uma das grandes e hoje pouco lembradas pioneiras do Feminismo, que na época dela denominava-se Sufragismo, que era um movimento que lutava pelo direito ao voto feminino e outras liberdades que agora são desfrutadas pelas mulheres contemporâneas mas que eram consideradas absurdas na época delas. Para saber mais sobre ela, compre o livro ou clique no link (em inglês).    

http://en.wikipedia.org/wiki/Charlotte_Perkins_Gilman

O Livro

O título vai direto ao ponto: trata-se de uma utopia feminista onde três exploradores chegam a um platô isolado por penhascos onde, pelos últimos 2.000 anos, mulheres longe de qualquer contato com o sexo masculino, construíram uma sociedade razoavelmente tecnológica e muito mais avançada em termos culturais, sociológicos e religiosos do que a sociedade dos homens (americanos) de 1915, ano em que o romance foi escrito.

A chegada de três homens a esse paraíso de Eva causa curiosidade entre as mulheres, desejosas de aprender sobre o mundo masculino, que em princípio, elas raciocinam, ser melhor do que o delas, já que homens e mulheres convivem juntos. Aos poucos o machismo, o sexismo, os preconceitos e toda sorte de miséria cultural e humana do mundo dos homens vão sendo descobertos pelas mulheres de Herland.

Mais do que um romance original de aventura, Herland tenciona colocar em pauta as teorias econômicas e sociais da autora em como uma sociedade feminina poderia subsistir. Os três personagens masculinos são tipos bem distintos e representam cada um, um certo tipo de pensamento ou atitude masculina.  Um é o intelectual liberal, que pondera e compara o mundo masculino e feminino e tenta subtrair o melhor dos dois mundos; outro é o ingênuo, o apaixonado pelas mulheres que vai desistir do mundo dos homens por uma vida de adoração e o último deles, como não poderia deixar de ser, um típico homem do seu tempo, um conquistador machista acostumado a ter todas as mulheres.

Como história, o livro é um pulp divertido, mas que cresce quando Gilman expõe suas idéias contra a ideologia e política da época. São nesses momentos que se percebe a autora décadas a frente de seu tempo.

Apesar da inteligência de Gilman em vários aspectos da obra, ela força a barra na teoria da partenogênese, onde as mulheres de Herland são capazes de engravidar sem inseminação de qualquer tipo. Este fenômeno já foi observado em fêmeas de algumas espécies de pequenos lagartos e anfíbios vivendo num ecossistema sem machos, mas nunca em mamíferos.
E sexo?! Claro que o livro não poderia deixar de falar das relações sexuais entre homens e mulheres, mas no que concerne às mulheres de Herland, o desejo de sexo foi totalmente sublimado e o conceito de casal sequer existe entre elas.  O sexo é um instinto básico de qualquer ser vivo e fica difícil acreditar que as mulheres belas e saudáveis de Herland não sejam todas lésbicas e que existam casais entre elas. Nesse aspecto Gilman demonstra ingenuidade ou talvez, um desapreço pelo sexo.  Sentimento bastante comum para as mulheres da época, acostumadas com a insensibilidade e inaptidão dos homens do início do século passado    
Literatura feminista e humanista recomendada para qualquer um que queira conhecer um pouco dos caminhos que nossos predecessores construíram para nós todos.

TRECHO DO LIVRO (tradução não-oficial)

“E quando nós dizemos mulheres, nós pensamos fêmea – o sexo.
Mas para estas mulheres, nesta constante e ininterrupta civilização feminina de dois mil anos, o termo mulher clamava por toda uma vasta bagagem, tão grande quanto elas tivessem chegado em desenvolvimento social; e o termo homem significava para elas apenas macho – o sexo.
É claro que poderíamos contar a elas que em nosso mundo o homem fez tudo; mas isto não alteraria o background de suas mentes. Que o homem, “o macho”, fizera todas estas coisas era para elas uma afirmação, causando mudança alguma em seu ponto de vista mais do que mudara o nosso quando encaramos pela primeira vez o surpreendente fato – para nós – de que em Herland mulheres eram “o mundo”.

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